sábado, 6 de outubro de 2007

Silva Prado e Souza Queiróz - Parte II

O apogeu no século XIX


No período que compreende a proclamação da Independência até o fim do Império as duas famílias conheceram seu melhor período político, econômico e social. Dominando a política na cidade além de atividades culturais e vida social, ambos os grupos teceram importantes alianças através de matrimônios interfamiliares e sociedades políticas e comerciais que proporcionaram o fortalecimento de cada um dos grupos, bem como de sua representatividade na vida paulistana.


Nesse período podemos destacar diversas figuras de extrema importância na história do Brasil e que estavam ligadas às familias-chave alvo deste estudo.


Ligados aos Prado, ou mesmo sendo um deles, estão os irmãos Andrada, o brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão, o Barão de Antonina, Eleutério da Silva Prado, Antonio da Silva Prado III (Barão de Iguape), os irmãos Antonio, Martinico, Eduardo e Caio Prado, entre outros.


Na família Souza Queiróz pode-se elencar o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, o Padre Diogo Antonio Feijó, o Senador Nicolau Vergueiro, o Marquês de Monte Alegre, coronel Antonio Paes de Barros, o Major Diogo Antonio de Barros, o Senador Francisco de Souza Queiróz, o Senador Francisco de Paula Souza.


Retomando o início deste artigo, se fosse um romance poderiam ser colocados em campos distintos os dois grupos familiares na grande questão do último quartel do século XIX: monarquistas e republicanos. O caso é que na realidade havia dissidências dentro das famílias nesse aspecto. Para exemplo clássico podemos tomar o núcleo principal dos Prado, no qual Martinico fazia oposição aos irmãos Antonio, Eduardo e Caio. Chegaram mesmo a cortar relações, sendo que Martinico e Eduardo não mais se falaram.


Um incidente que faz parte da história familiar relata que na última visita do imperador a São Paulo: dona Veridiana dispôs seus netos em alas na entrada da Villa Maria, para que jogassem pétalas de rosa no monarca. Pois um dos meninos formou uma bola de pétalas e atirou bem no rosto de D. Pedro. A partir desse ponto as versões variam: uma reza que ao saber que o menino era filho de Martinico, o imperador fez um gracejo, comparando os espíritos de pai e filho. Outra afirma que ficou visivelmente contrariado, o que gerou um tremendo mal-estar para dona Veridiana.


Já em relação ao abolicionismo não houve posição coesa do grupo: enquanto alguns desde meados do século XIX já testavam uso de mão-de-obra livre, outros mantiveram seus cativeiros até a promulgação da Lei Áurea. No grupo Souza Queiróz as ações de colonização foram mais acentuadas, como as implantações feita pelo Senador Vergueiro, Comendador Souza Barros, Senador Queiróz, entre outros. No caso dos Prado, o Conselheiro manteve-se escravocrata até vésperas da Lei Áurea; já seu irmão Martinico foi um dos principais defensores da idéia de braços livres na cafeicultura e um dos fundadores da Sociedade Promotora de Imigração, cujo nome de maior destaque entre seus componentes foi o Conde de Parnaíba, ligado por laços familiares ao grupo dos Prado.


Após a queda da monarquia o Conselheiro Prado viaja para Europa, profundamente desgostoso com a situação do país. Por lá permanece alguns anos e ao retornar começa a ser instado por amigos que haviam aderido ao novo regime a retomar sua carreira política. Em 1899 assume a prefeitura paulistana permanecendo no cargo por 11 anos, sendo sua gestão um das mais importantes na história da cidade.


Na última década do século os monarquistas lutavam pela restauração e a cidade foi alvo de violentos combates entre este grupo e os republicanos. Eduardo Prado era um dos mais combativos monarquistas e seu jornal "O Diário de São Paulo" o veículo de mídia do grupo. Até mesmo Veridiana assumiu o comando do jornal por algum tempo enquanto o filho fugia da repressão do Marechal Floriano. Foi um período sombrio na família Prado.


No grupo dos Souza Queiróz despontavam nomes como Washington Luiz (genro do Barão de Piracicaba II), Albuquerque Lins (genro do barão de Souza Queiróz), Francisco Antonio de Souza Queiróz Junior, entre outros.


Um episódio interessante na vida da cidade teve como protagonista os Barões de Tatuy. Para a construção do viaduto do Chá era necessário demolir o velho sobrado onde moravam os barões, que ficava na esquina da rua Direita com a Libero Badaró, muito antes de existir a praça do Patriarca. O que não passava de uma disputa judicial e de foro municipal acabou por tomar ares de briga entre monarquistas reacionários e republicanos progressistas (veja mais em


O século XIX terminava e com ele uma geração saía de cena, em sua maior parte de titulares do Império, fazendeiros, políticos. Seus descendentes, dali por diante, é que tomariam as rédeas e assumiriam os papéis que lhes cabiam no cenário da aristocracia do café. O século XX se anunciava prometendo novidades e mudanças, como uma nova era de ouro na história da humanidade. Novos tempos.

* * *


Como parte inicial do projeto deste blog, este artigo finaliza o estudo macroambiental das famílias de destaque na história paulista.


Os próximos artigos irão tratar de casos específicos, ligações familiares mais detalhadas e que em grande parte terão como protagonistas personagens ligados ao grupos descritos anteriormente.

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