Em 1924 a Monteiro Lobato & Cia passa a se chamar Companhia Graphico-Editora Monteiro Lobato, e deixa os acanhados escritórios da rua Vitória para ocupar o primeiro andar do recém-inaugurado Palacete São Paulo, na Praça da Sé, 34. Construído pelo engenheiro Nestor Caiuby, o edifício se destacava na nova praça que abrigaria a futura catedral paulistana.
Nesse mesmo ano Lobato havia montado em um enorme galpão na rua Brigadeiro Machado, no Brás, o mais moderno parque gráfico do Brasil, com máquinas que vinte anos depois ainda eram consideradas de último tipo.
Mas o destino viria a atrapalhar os grandiosos projetos do escritor-editor. A revolução que eclodiu em junho de 1924 foi o início de um período crítico para a nova editora. Apesar de não ter sofrido muito com os bombardeios legalistas, a gráfica ficou paralisada por muito tempo. Além disso, o governo federal suspendeu os redescontos, gerando um pânico bancário. Não bastasse isso tudo, Lobato, a despeito de ser um empresário cujo governo era o maior cliente, escreveu uma carta ao presidente Artur Bernardes, criticando suas ações.
Mal terminava o fatídico ano de 1924, uma seca de enormes proporções atinge São Paulo, e a Light and Power começou a racionar a energia elétrica: a gráfica só podia trabalhar dois dias na semana. Para tentar minimizar o problema, Lobato resolve comprar um caríssimo gerador a diesel. Logo veria que o alto investimento fora um desperdício: não havia água para refrigerar o gerador.
Endividado, com a produção parada e um futuro sombrio, Lobato, durante uma viagem de seu sócio Octales Marcondes Ferreira, pede a falência da empresa. Todos acham que ele foi precipitado, mas esse era o jeito lobatiano de fazer as coisas. Junto com Octales, compram toda a massa da empresa falida e com ela fundam aquela que seria outro marco na história editorial brasileira: a Companhia Editora Nacional.
Em carta ao amigo Godofredo Rangel, Lobato diz que na verdade a falência foi um grande negócio, pois montavam uma nova casa editora sem dívidas e com um patrimônio incomensurável: a experiência adquirida.
Indubitavelmente, Lobato foi um pioneiro em diversos setores da cultura e da vida nacional. Considerado o pai da literatura infantil brasileira, sua figura excede essa classificação. Apaixonado e impetuoso, Lobato sempre lutou por suas crenças, sem medos, sem se ater a preconceitos e dogmas. Foi um libertário, nunca seguindo fila, como ele mesmo gostava de dizer.
Alguns livros editados em 1925, com o endereço da Praça da Sé, fizeram parte da exposição de obras raras da Semana Monteiro Lobato promovida pela Unesp, como a A Marquesa de Santos, de Paulo Setubal, Paulística, de Paulo Prado, Padre Belchior de Pontes, de Julio Ribeiro, entre outros. Dentre essas obras merece destaque uma belíssima edição de A Angústia de D. João, de Menotti del Picchia, totalmente restaurada.
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