Fosse a história paulistana narrada como um romance e se poderia dizer que as duas grandes famílias citadas no título deste artigo eram as que detinham o poder na cidade no século XIX. Como a realidade é diferente dos romances, há que forçosamente deixar isso de lado e analisar com mais profundidade o papel desempenhado por cada uma delas, de maneira similar e paralela, no cotidiano paulistano tratando-as como famílias-chave na história da cidade.
Em comum ambas tinham como atividade econômica fundamental a cafeicultura, além da intensa europeização na educação e no modus vivendi, a participação no processo de urbanização e abertura de novos bairros, a expansão da malha ferroviária no Estado e, por fim, o impulso inicial da indústria ligada a cafeicultura (máquinas, equipamentos e sacaria de juta).
O parâmetro escolhido para definir essa divisão entre duas famílias foram as relações de parentesco, visto que social e comercialmente havia uma integração entre esses grupos. A escolha das famílias-chave foi baseada no papel que ambas desempenharam no cotidiano da cidade início do século XIX, no período pré e pós-Independência, com os Silva Prado apoiando D. Pedro I e os Souza Queiróz envolvidos em insurreições, como a revolta comandada por Francisco Inácio, que passou para a história com o nome de bernarda. Anos depois, na Revolução Liberal de 1842, novamente surgem os Souza Queiróz envolvidos em luta contra o governo, visto que o comandante Rafael Tobias de Aguiar era ligado a esse grupo familiar.
A divisão entre essas duas famílias de nenhum modo exclui as demais que tiveram destaque no período, visto se ligavam diretamente a alguma delas. De modo geral pode-se dividir as famílias que formavam a elite agrícola da segunda metade do século XIX em dois grupos:
Silva Prado: Alvares Penteado, Alves de Lima, Souza Guedes, Costa Pinto, Silva Machado, Pacheco Chaves, Pacheco Jordão, Rudge, Silva Ramos, Queiróz Telles.
Souza Queiróz: Paes de Barros, Rezende, Souza Barros, Campos, Barbosa de Oliveira, Arruda Botelho, Aguiar Barros, Prates, Paula Souza, Vergueiro.
As diferenças entre os grupos não são grandes, visto que exerciam o mesmo papel econômica e politicamente. Pode ser destacado o fato de, enquanto os Prado eram mais ligados culturalmente à França, os Souza Queiróz tinham fortes ligações com Alemanha. Além disso, os membros desta família seguiam profissões como engenharia, agronomia, medicina em detrimento da advocacia.
Claro que todas essas afirmações são baseadas num modelo macroambiental, de uma forma generalizada. Analisando cada família ligada a esses grupos em particular as diferenças tendem a diminuir, pois todas faziam parte de uma elite com valores e padrões similares.
Aqui serão analisados aspectos gerais de cada família-chave em diversos aspectos na história da cidade e quais as influências e participações desses grupos familiares.
Nos próximos artigos o enfoque será maior e mais detalhando em cada família participante dos grupos, bem como em determinados membros que tiveram maior destaque na história paulistana.